domingo, 25 de outubro de 2009

A BATALHA DE MARATONA E A PROVA DESPORTIVA


           Para falar sobre a Batalha de Maratona é necessário contextualizar os fatos. Durante o século V a.c. duas potências travaram uma prolongada guerra na parte oriental do Mediterrâneo, a Pérsia e Grécia. Este conflito é conhecido como Guerras Médicas, pois os persas também eram chamados medos pelos gregos. A rivalidade entre estas duas nações se justificava pela expansão dos domínios persas na península Anatólia (onde se localiza a Turquia atualmente), dominando diversas colônias gregas (cidades jônicas) e prejudicando o comércio da Grécia com o oriente. Em 496 a.c. ocorreu uma rebelião das cidades jônicas contra a dominação persa. Embora a Grécia tenha auxiliado estas cidades, a rebelião foi sufocada. No ano 492 a.c. o herdeiro do trono persa, Dario I, reiniciou a expansão em direção à Grécia. Muitas cidades se rendem apenas com a chegada dos mensageiros.
Comandando um contingente de cerca de 50.000 persas, transportados em aproximadamente 600 barcos, Dario I desembarcou na planície de Maratona a cerca de 40 Km de Atenas. Este seria o castigo pelo auxílio à rebelião das cidades jônicas e o início da Primeira Guerra Médica.
            Heródoto, historiador grego, conta que o general Milcíades, comandante das tropas de Atenas, enviou o mensageiro Fidípedes a Esparta com um pedido de ajuda. No entanto, os espartanos responderam que só poderiam enviar tropas em seis dias por estarem em celebrações religiosas (encontravam-se no nono dia do mês lunar). O mensageiro teria corrido mais de 200 km em cerca de um dia.
            Milcíades não poderia esperar tanto tempo e lançou seus 15.000 homens em direção ao local de desembarque persa. Sua tropa foi dividida em três partes, uma com maior extensão (embora pouco profunda) disposta à frente da posição de desembarque e duas outras frações nos flancos com maior profundidade. A técnica das falanges gregas era se lançar com velocidade e fúria sobre o inimigo, deixando-os atordoados e amedrontados. Heródoto relata que muitos persas ao verem o ataque realizado de maneira insana, sem auxílio de cavalaria ou de arqueiros, preferiam fugir a enfrentar estas tropas.
             A tática utilizada pelos gregos para vencer a superioridade numérica foi o duplo envolvimento pelos flancos. O bloco central com menos fileiras que o normal teve a função de deter o avanço do grosso das tropas persas, enquanto que os flancos, reforçados, empurravam e dizimavam seus oponentes. Vencidas as alas persas, as tropas gregas dos flancos se juntaram num movimento de pinça, fechando o cerco e dizimando uma parte, enquanto a maioria fugia de volta para os barcos.
Após terríveis combates, as tropas gregas capturaram sete barcos e forçaram os persas a retornarem para seus navios, obtendo espetacular vitória na Batalha de Maratona.
            Concretizada a vitória, o General Milcíades enviou novamente o mensageiro Fidípedes para Atenas, a fim de informar que os gregos saíram vitoriosos e que suas tropas se deslocariam mais para o norte a fim de evitar uma nova tentativa de desembarque persa. Heródoto conta que Fidípedes correu sem parar até irromper pelo Senado de Atenas e anunciar: "Alegrai-vos, atenienses, nós vencemos!". Teria corrido tanto e tão rápido que logo após o anúncio, caíu morto, provavelmente por uma parada cardíaca.
            Tradicionalmente a corrida feita por Fidípedes no século V a.c. teria sido de cerca de 40 Km, por isso foi introduzida como esporte, com esta distância aproximada, na primeira edição dos Jogos Olímpicos Modernos, realizado em Atenas, Grécia, em 1896. Esta prova, em homenagem ao mensageiro grego da Batalha de Maratona, foi vencida pelo corredor grego Spiridon Louis, primeiro Campeão Olímpico da Maratona. Inicialmente esta modalidade seria só para homens, contudo, recentemente em 1984, nas Olimpíadas de Los Angeles foi instituída a Maratona Feminina como modalidade olímpica.
Nos Jogos Olímpicos de 1908, realizado em Londres, a distância aferida para a Maratona, a qual permitiria que a Família Real assistisse a largada diante dos Jardins do Palácio de Windsor, foi exatamente 42,195 Km. Desde então, fixou-se tal distância para todas as corridas futuras.
Os atuais campeões Olímpicos da Maratona são respectivamente, masculino e feminino, Samuel Wanjiru, do Quênia, com a marca de 2:06:32 estabelecida na Olimpíada de Pequim em 2008; e Naoko Takahashi, do Japão, com a marca de 2:23:14 estabelecida na Olimpíada de Sídiney em 2000.
            Os atuais campeões mundiais desta prova são o queniano Patrick Makau, com a marca de 2:03:28, estabelecida na Maratona de Berlim em 2011,e Paula Redcliffe, do Reino Unido, com a marca de 2:15:25, estabelecida na Maratona de Londres em 2003. O etíope Haile Gebrselassie (campeão mundial de 2008 a 2011) foi o primeiro homem a baixar de 2 horas e 4 minutos o tempo da Maratona e sua marca superou o seu próprio recorde, também estabelecido na Maratona de Berlim no ano anterior. Em setembro de 2009, venceu pela quarta vez consecutiva esta maratona, embora não tenha chegado próximo de bater novamente o recorde mundial.

2 comentários:

  1. Grande matéria Amigo!
    Cabe uma singela referência: Hoje em dia o atletismo, especialmente as corridas se tornaram modalidades bastante concorridas com atletas profissionais, ao extremo de existirem empresas voltadas exclusivamente para esse filão. Por exemplo a maratona de Dubai tem o prêmio de 1 milhão de dólares, oferecido pelo 1º Ministro dos Emirados Árabes, a serem pagos ao corredor que quebrar o record mundial da modalidade naquela cidade. Por outro lado o espetáculo das maratonas é devido aos milhares de atletas amadores que pelo simples prazer de correr prestam homenagem ao feito de Fidípedes.

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  2. Muito boa "matéria" me ajudou muito em um trabalho de história

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