domingo, 7 de março de 2010

JACK, O ESTRIPADOR. PATRONO DOS SERIAL KILLERS


                Por mais de um século o nome Jack, o Estripador, vem inspirando lunáticos e assassinos, bem como espalhando terror nas mentes indefesas de possíveis vítimas. A história fantasticamente diabólica de Jack ganhou tamanha notoriedade que mentes doentias, na busca de tal reconhecimento, provavelmente procuraram e, quem sabe, procuram imitá-lo a fim de adquirirem um pouco desta fama. Desta forma, Jack, o Estripador, ainda pode estar entre nós, sob a pele de um lunático querendo sair do anonimato.      Não são atribuídos, oficialmente, muitos crimes a Jack, apenas cinco. Contudo a brutalidade dos crimes, envolta numa aura de mistério proporcionado pela insolubilidade do caso continua fascinando pesquisadores e estudiosos.

OS CRIMES DE WHITECHAPEL
                Dentro do bairro londrino de Whitechapel encontra-se a comunidade de East End. Esta comunidade, no fim do século XIX, era uma ferida em Londres. Casas pobres, cortiços e milhares de pessoas amontoadas, disputando espaço palmo-a-palmo. Do lado de fora dos casebres iluminados a luz de vela, nas ruas escuras e tenebrosas fluia esporadicamente a escória da bandidagem. Também nos becos, pátios e ruas algumas mulheres encontravam na prostituição seu único sustento.
                Numa noite em agosto de 1888, Mary Ann Nicholls teve seu encontro com Jack. Mary era uma prostituta de 42 anos que já não era capaz de atrair homens que a pagassem o suficiente para que levasse uma vida sem privações. Na estreita rua de Buck’s Row, Mary Ann, ao perceber a presença de Jack, viu a oportunidade de ganhar algum cobre. Não se alarmou; haviam pessoas a pouca distância. Quando se apercebeu do perigo, já era tarde. Jack a agarrou por trás, tapando-lhe a boca com uma das mãos e cortando-lhe a garganta.
                Um carroceiro encontrou o corpo mutilado às primeiras horas do dia 31 de agosto, começava a estória de Jack, o Estripador.
                Exatamente uma semana mais tarde o Estripador voltou a atacar. Desta vez a vítima foi Annie Chapman, uma prostituta como todas as vítimas seriam. Esta mulher de 47 anos, já havia sido condenada pela tuberculose, mas Jack encurtou o caminho da morte, cortando-lhe a garganta e deixando-a com o ventre completamente eviscerado.
                O corpo foi encontrado por um porteiro do mercado de Spitalfield num pátio traseiro da casa nº 29 de Hanbury Street. Pertences da vítima, como anéis e algumas moedas, foram colocados ordenadamente ao lado do corpo. Seria esta uma mensagem do assassino?
                Para a população, especialmente mais pobre, a mensagem parecia ser clara: o criminoso não era um ladrão, seu impulso assassino parece ter a ver com a prostituição. Seria um puritano tentando livrar o mundo da impureza da prostituição? Seria um judeu?
                O criminoso despertou um grande alvoroço em Whitechapel e muitas versões se popularizaram. Uma delas informava que o criminoso trazia as facas numa pequena mala preta, o que causou alguns tumultos, pois algumas pessoas que transportavam maletas foram perseguidas por multidões exaltadas.
                A única pista deixada até então é que o assassino era destro, pois os cortes nas gargantas das vítimas iniciavam no lado esquerdo e terminavam no lado direito dos pescoços. A evisceração da segunda vítima também sugeria algum conhecimento de medicina, devido a precisão dos cortes.

DUPLO ASSASSINATO E UMA PISTA
                Mesmo com todo o sobressalto causado pelas notícias dos assassinatos e a intensificação da vigilância da polícia e da população, na noite de 30 de setembro, Jack agiu novamente. Desta vez sua sede de sangue só foi aplacada depois da segunda vítima nesta noite.
                A primeira vítima a ser encontrada foi Elizabeth Stride. Seu corpo jazia atrás do nº 40 da Berner Street. Da garganta ainda jorrava o sangue. Alguns minutos daquele local, na Mitre Squere, encontrou-se o corpo de Catherine Eddowes. Esta foi a vítima mais terrivelmente mutilada.
                De seu corpo totalmente retalhado estendia-se um caminho de sangue até uma porta, onde alguém escrevera à giz: “Os judeus não são culpados de nada”.
                Seria mesmo o Estripador um judeu? Estaria ele se vingando da perseguição que sofriam em toda a Europa Ocidental? Não era judeu, mas não queria que este povo levasse a culpa?
                Esta mensagem foi a única pista deixada por Jack, contudo o chefe de polícia, Sir Charles Warren, mandou que a apagassem. Portanto nunca foi explorada. Uma comparação de caligrafia talvez trouxesse alguma luz.
Diversas cartas foram enviadas para a polícia com suposta autoria de Jack, contudo nenhuma delas pode-se comprovar que fora escrita pelo verdadeiro assassino. Warren, no entanto, publicou algumas nos jornais, tentando encontrar alguma pessoa que conhecesse o dono da caligrafia. Este procedimento, além de ter sido infrutífero, também deu grande notoriedade ao criminoso. O nome Jack, assinado em algumas delas passou a receber o codinome Estripador.

O ÚLTIMO ASSASSINATO
                Na noite de 9 de novembro de 1888, Jack teria voltado a atacar. Desta vez a vítima foi Mary Ann Kelly, uma jovem de 25 anos. Um homem de nome George Hutchinson testemunhou que teria sido o último a vê-la com vida (além de Jack). Mary lhe pediu dinheiro para ajudar a pagar o aluguel de seu quarto, no nº 13 de Miller’s Court. Em seguida a viu, ao se afastar, abordar um homem de baixa estatura, bem vestido, de bigodes claros e um chapeu de caçador. Esta pode ser a única descrição do Estripador. Na manhã do dia seguinte, Mary Ann foi encontrada morta e desmembrada no seu quarto.
                Nas investigações da polícia londrina, este foi considerado o último crime de Jack Estripador. Também foi o assassinato que tomou maior notoriedade, sendo amplamente explorado pela imprensa da época.



AS CARTAS DE JACK
                No dia 27 de setembro de 1888, a Central News Agency recebeu uma carta, na qual aparecia pela primeira vez o nome Jack Estripador (Jack the Ripper). Esta foi considerada uma brincadeira de mau gosto e, inicialmente, não lhe foi dada atenção. Contudo três dias depois ocorreu o duplo assassinato (Elizabeth Stride e Catherine Eddowes). Neste momento as ameaças escritas passaram a ser fato consumado e o nome Jack, o Estripador, passou a ser temido pela ousadia e crueldade.







          Em primeiro de outubro, a Central News Agency recebeu um cartão postal que mencionava o assassinato que cometeria e que a polícia iria ter conhecimento no dia seguinte. A letra muito se assemelhava com a anterior. Supondo que realmente o cartão foi escrito no dia 30 de setembro (dia do duplo assassinato), então esta correspondências teria que ser genuína de Jack. Contudo a carta só foi recebida no dia primeiro de outubro, sendo assim poderia ter sido escrita logo cedo quando começava a se espalhar a notícia do duplo assassinato, podendo ter sido escrita por um aproveitador querendo angariar fama.
                No dia 16 de outubro, George Lusk, presidente do Comitê de Vigilância de Whitechapel, recebeu na sua caixa de correio, uma pequena caixa contendo metade de um rim humano e um pequeno bilhete iniciando com as palavras “vindo do Inferno” (From Hell). Os exames médios realizados pelo Dr. Openshaw indicaram que o pedaço de rim envia era muito semelhante ao que havia sido extirpado da vítima Catherine Eddowes. No entanto, não pôde ser conclusivo. Este bilhete possui letra muito diferente dos anteriores e se o rim pertencia realmente a vítima, então esta seria a letra de Jack.

                Várias outras cartas foram enviadas para a polícia, muitas eram claramente de impostores, outras suscitavam dúvida.

AS INVESTIGAÇÕES DA ÉPOCA
                 Grande esforço foi realizado pela polícia londrina e a Scotland Yard. Diversos relatórios e depoimentos avolumaram os arquivos sobre Jack, contudo nunca se chegou a uma certeza sobre sua identidade, ou mesmo suas vítimas, pois entre 1888 e 1891 ocorreram onze assassinatos brutais de prostitutas, alguns com as mesmas características atribuídas a Jack Estripador. Desta forma o número de vítimas pode ter sido maior do que concluiu a polícia naquela época.
                Durante as investigações, a polícia concentrou suas diligências sobre três suspeitos: um médico russo que já cometera crime de assassinato, chamado Michael Ostrog; um polonês judeu que, dizia-se, odiava mulheres, Kosmanski e um advogado depravado e corrupto de nome Montague John Druitt. Destes, Montague foi sempre apontado como o principal suspeito, inclusive seus familiares acreditavam na sua culpa. Chamava atenção o fato de seu primo, Dr. Lionel Druitt, possuir uma clínica cirúrgica em Whitechapel Minories, apenas dez minutos a pé do ponto mais distante onde fora cometido um dos crimes atribuídos a Jack. O histórico médico de Montague também não ajudava, sua mãe era louca e possivelmente ele não escapou a semelhante destino.
                Apesar de Montague Druitt ter sido o principal suspeito, ele nunca foi preso. Desapareceu das vistas logo após o assassinato de Mary Ann, para reaparecer flutuando morto nas águas do Tamisa, no dia 31 de dezembro de 1888. Druitt suicidara-se por não resistir ao remorso? Ou fora vítima do próprio assassino que pretendia despistar a polícia?
                Mesmo com tantos esforços na época e até hoje, parece que nunca saberemos com certeza quem foi Jack, o Estripador.

ESTUDOS RECENTES
                 O pesquisador Karyo Magellan, recentemente divulgou interessante trabalho sobre os assassinatos de Jack Estripador. Baseado em relatos da época (jornais e laudos periciais) reproduziu os cortes nos pescoços de 07 vítimas daquele período, as quais carregavam as marcas características da violência do assassino. Na lista histórica de vítimas, Karyo acrescentou Alice Mckenzie e Francis Colis.
                Observando-se as características dos cortes nos pescoços das vítimas, percebe-se facilmente que o assassino era destro e que os crimes ocorreram com a vítima em pé, com uma única exceção: Mary Ann Kelly, justamente a vítima mais notória de Jack Estripador. Mary é uma anomalia nesta lista, pois teria sido morta por um canhoto, já que, ao contrário das demais vítimas, o corte no seu pescoço, foi realizado claramente da direita para esquerda. Estando o assassino de pé e por trás, não poderia ser destro. Desta forma se poderia excluir a vítima mais notória e a única com que se contava com uma descrição do possível assassino. Também se poderia incluir mais duas possíveis vítimas na lista.


JACK NO CINEMA
                A sensação de incerteza e medo causada pela estória de Jack, o Estripador, sempre motivou o cinema em retratá-lo. Existem diversos filmes contando a estória, levantando hipóteses sobre o possível assassino e mesmo que ele teria fugido para os Estados Unidos e ampliado a sua carreira de crimes lá. Sempre será uma boa opção numa fria noite de sexta-feira.


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