segunda-feira, 13 de setembro de 2010

SHI HUANG-TI, O PRIMEIRO IMPERADOR DA CHINA. AS MURALHAS DA CHINA E O EXÉRCITO DE TERRACOTA

Nos primórdios da China antiga diversos povos bárbaros ou semi-bárbaros guerreavam desordenadamente  entre si. O intuito era apenas um, vencer o inimigo e saqueá-lo. No século III a. C. um povo destacou-se por suas habilidades guerreiras, vindo a unificar todo o território, dando à China as feições que a distinguiria dentre os maiores impérios da Terra.
Durante o século III a.C. o território que conhecemos como China era dividido em sete estados que guerreavam incessantemente entre si. O poder era oriundo da capacidade que um estado tinha de espoliar outro. Em 247 a.C. Ying Jien ascendeu como rei de Tsin (Chin), um estado no extremo ocidente desta região, com apenas 13 anos de idade. Os exércitos de Tsin (Chin) se notabilizaram pela brutalidade, especialmente contra os inimigos vencidos. A guerra cavalheiresca foi totalmente esquecida e substituída pela guerra voltada para a destruição completa do inimigo. Os soldados  recebiam recompensas pelas cabeças dos inimigos que pudessem trazer com eles. Conta-se que numa batalha contra o estado de Tsao (Zhao) em 234 a.C., os guerreiros de Shi Huang-ti decapitaram 100.000 soldados inimigos. Em poucos anos os demais estados foram sendo subjugados, um a um.  Desta forma manteve os demais estados fora de seu território, mesmo quando em 318 a.C. cinco estados se uniram para destruí-lo, o soberano de Tsin saiu vitorioso. Dentro de seu próprio estado Ying Jien sofria tentativas de golpe, uma delas contando inclusive com a participação de sua própria mãe. Por isto em 227 a. C. instituiu um controle rigoroso e impiedoso que atingia a todos, independente do nível social, hierárquico ou, mesmo entre seus parentes.
                Todos os estados caíram a seus pés, o Han e Wei, a leste; o Chu, no sul; o Yan, no nordeste e finalmente o Tsi a leste, rendeu-se em 221 a.C.. Ying Jien, desta forma, unificou toda a China num só país e proclamou-se Primeiro Imperador, chamando a si mesmo de Shi Huang-ti (Primeiro Augusto Imperador).
                Shi Huang-ti reinou sob a égide do terror, seu ministro-chefe, Li Si, era adepto de uma doutrina chamada Legalismo, segundo a qual o povo seria mais bem controlado por meio de leis rigorosas e punições severas. Esta doutrina caracterizou a burocracia chinesa e foi herdada por seus sucessores. Deslocou milhares de famílias, muitas nobres, a fim de desmontar os antigos feudos existentes nos antigos Estados.
                O Imperador determinou a uniformidade em seu território, padronizou os caracteres utilizados na escrita chinesa, pesos e medidas. Também estabeleceu um código de leis que eram aplicadas de leste a oeste, de norte a sul, garantindo a integridade de seu país. Ao contrário de todos os outros soberanos anteriores Shi Huang-ti garantiu aos camponeses o direito a terras, fazendo-os prosperar e a seu Império também. Da mesma forma padronizou as bitolas das carroças, de forma que os sulcos produzidos por estas nas estradas garantiram maior segurança, estabilidade e agilidade nos deslocamentos.
                O primeiro Imperador tinha o costume de viajar por todas as suas terras e deleitava-se com as mensagens e dedicatórias deixadas em sua homenagem nas mais distantes paragens de suas possessões.
                Para conter os assaltos bárbaros (neste caso os mongóis e mandchúrios), designou o general Meng Tian para supervisionar a construção da Grande Muralha nos limites setentrionais de seu reinado em 221 a.C.. Esta muralha foi baseada em antigas fortificações, ligando uma a outra e contou com a força de trabalho de cerca de um milhão de chineses. Não há relatos específicos da construção da Grande Muralha, contudo foi construída basicamente com grandes blocos de pedra enfileirados, para depois ser revestido com tijolos e completou-se o interior com terra. Grande torres com cerca de 12 metros de altura foram erguidas a espaço de poucas centenas de metros, de tal forma a permitir que arqueiros cobrissem toda a extensão do intervalo com suas flechas. Embora a construção da Grande Muralha se deva a Shin Hung-ti, a sua ampliação e constante manutenção se manteve por todos os reinados posteriores, se tornando um constante e permanente projeto de Estado. Sendo assim suas características e materiais utilizados variam de acordo com a região chinesa por onde se entende os cerca de 4.000 quilômetros de fortificações.


                Outra realização incrível de seu reinado foi a construção de uma canal de 32 quilômetros que liga os dois rios do vale Yan-Tse, que correm em sentidos opostos. Este canal empregou uma força de trabalho incalculável e possibilitou a navegação por cerca de 2000 quilômetros,  permanecendo em uso até os dias atuais.
                Por volta do ano 215 a.C. estava concluída a sua tumba, onde seria sepultado futuramente. Esta contava com uma enorme câmara mortuária, a qual foi recoberta por terra, formando um morro no formato de uma pirâmide. No interior da câmara havia uma mapa do mundo conhecido feito em escala e detalhes. Os oceanos e mares foram preenchidos com mercúrio líquido. Nesta época o mercúrio era tido como fonte de longevidade. Próximo a tumba mortuária encontrou-se em 1974 o exército de terracota, milhares de guerreiros esculpidos em barro (terracota) foram dispostos em fileiras de combate e contavam com todas as características do exército do Primeiro Imperador chinês: arqueiros, a frente, carros puxados a cavalo e uma grande infantaria. Cerca de 8000 soldados já foram desenterrados. Destaca-se a curiosa característica de que cada soldado possui suas próprias feições, nenhuma imagem foi repetida. As escavações persistem até os dias de hoje, embora a tumba propriamente dita não tenha sido aberta ao público por ordem do governo chinês.


                Por volta da época da construção de sua tumba Shi Huang-ti estava obcecado pela idéia da imortalidade. Conta-se que ele enviou um de seus generais para localizar uma lendária ilha, onde poder-se-ia adquirir o elixir da vida eterna. Este general, ao voltar, informou ter encontrado a tal ilha, mas necessitaria de cerca de 3.000 jovens para adquirir o elixir. Assim seguiu em nova expedição para a ilha lendária. Este general e os 3.000 jovens jamais retornaram. Faz parte da lenda que teriam colonizado o Japão. Neste período Shi Huang-ti passou a tomar mercúrio, pois era corrente ser fonte de longevidade. O que deveria lhe dar vida eterna o matou anos depois. O mercúrio envenenou seu corpo e sua mente, falecendo em 210 a.C., mas seus feitos permanecem na história e seu reinado marcou definitivamente a China e seu desenvolvimento.

2 comentários:

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    Muito obrigado!

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